domingo, 7 de novembro de 2010

Considerações finais

Quando comecei a fazer o blog, queria fazer uma pesquisa mais abrangente sobre o que é esse mundo do morador de rua. Queria poder ir às ruas, pesquisar sobre seu modo de vida e o que as pessoas pensavam sobre eles. No entanto, sinto que não consegui alcançar meu objetivo. Talvez pelo fato de ter perdido algumas coisas que queria, como o encontro da Prefeitura com vários moradores de rua em um abrigo no bairro Floresta para informá-los sobre seus direitos e deveres como cidadão. Nesse caso, não pude ir devido ao horário, que era o mesmo do meu estágio. No entanto, para outros posts, o motivo pode ter sido outro.

Talvez eu tenha falhado em não me preparar bem para o assunto, ter pesquisado mais sobre ele e buscado mais informações através de sites especializados e até mesmo da Prefeitura de Belo Horizonte para poder saber alguns dados sobre essa população. Mais uma vez, entra a falta de tempo nas causas para isso. Entra também, talvez, a questão da prioridade, seja lá quais elas tenham sido.

Para este último post, pensei em fazer uma reflexão sobre como eu fiz o blog. Pensar nos erros que cometi e em algumas omissões. Mas também pensei em deixar aqui o desejo de poder acertar no futuro, em um próximo blog, talvez. Para isso, precisarei das minhas experiências para produzir este aqui.

Pude aprender algumas coisas, olhar para um lado diferente da sociedade. O contato com o seu Vanderlei, único morador de rua entrevistado por mim, serviu para poder enxergar essa população. Comecei a vê-los em todas as eqüinas da cidade. Mas também pude ter contato com a opinião de outras pessoas sobre esse morador de rua, quem sabe sobre muitos outros, como foi no caso do dono do escritório, Felipe Drummond, e o porteiro do prédio, Gilvan da Mata, lá na rua Ulhoa Cintra.

Enfim. Mesmo que não tenha conseguido atingir todo o objetivo que queria no princípio, também não sinto que tenha sido totalmente falho. O bom é ter aprendido com os erros e acertos e tentar melhorar para o que vier pela frente.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Um outro lado da história

Nos posts anteriores, eu me ative a falar da parte triste e difícil de ser um morador de rua. Em minha entrevista com Seu Vanderlei, ele falou da casa das meninas que ele cuida, que tinha sido invadida. Falou de alguns abusos sofridos, principalmente por parte de policiais e fiscais da prefeitura. No entanto, nem sempre quem parece ser somente abusado deixa de abusar.

Para explicar melhor, outro dia, naquela mesma rua, a Ulhoa Cintra, no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, ouvi uma história diferente sobre Seu Vanderlei. Fui perguntar se a relação dele com o público da rua era tranquila e descobri alguns novos fatos. Segundo o dono de um escritório de contabilidade, Felipe Drummond, esse mesmo Vanderlei que se diz abusado por parte de fiscais da prefeitura e policiais, comete alguns abusos. Não só abusos simplesmente, mas crime. Felipe afirma que Seu Vanderlei está abusando de algumas meninas. “Ele está aliciando meninas, de uns 14 ou 15 anos, e transando com elas aqui na rua. E em plena luz do dia”, afirma. Ele ainda disse não ser o único a ter visto o fato. Uma mulher que trabalha no único prédio comercial da rua, que tem apenas um quarteirão, também teria visto o ocorrido. Fui até o prédio para procurar essa mulher, mas, como Felipe não soube dizer em qual andar ela trabalhava, o porteiro Gilvan da Costa também não soube dizer quem era ela. No entanto, ele afirmou também já ter ouvido sobre o ocorrido. “Já ouvi algumas pessoas comentando aqui. E, realmente, ele aparece com umas meninas novinhas na rua. Mas o ato em si, eu nunca vi não”, pondera.

Esse ocorrido me fez pensar em até que ponto os abusos da sociedade, como é o caso dos fiscais e policiais sobre Seu Vanderlei, pode afetar uma pessoa a ponto dela também abusar de algo, ou alguém. Não que eu o esteja defendendo. Estou criticando. Fica aqui um questionamento para todos fazerem.